Uma investigação do Ministério Público desvendou um esquema milionário de venda de diplomas falsos que veio à tona após uma situação inusitada em Perolândia, município de 3 mil habitantes no interior de Goiás. Na cidade, 67 dos 114 servidores municipais apresentaram certificados de cursos online das escolas Escon e Fajon, levantando suspeitas que culminaram na prisão de quatro pessoas.
O caso chamou a atenção quando uma quantidade expressiva de funcionários da prefeitura apresentou certificados da mesma instituição de ensino, visando obter aumentos salariais que podiam chegar a 30% para cursos com mais de mil horas de duração. Duas servidoras, que preferiram não se identificar, notaram irregularidades no processo.
"Um servidor me perguntava quantas horas precisava fazer para ganhar 30% de aumento. Quando eu respondia '1080 horas', no dia seguinte já aparecia com os certificados", relatou uma das funcionárias ao programa Fantástico.
A investigação
O MP descobriu que os cursos, vendidos por apenas R$ 25, eram concluídos em tempo recorde. Um agente infiltrado conseguiu finalizar um curso de 272 horas em apenas 13 minutos. Em outro teste, completou um curso de 260 horas em 18 minutos.
Em depoimento ao MP, um servidor admitiu: "Nem sei mexer em computador, mas fiz quatro cursos. Não li a apostila, só fiz a prova mesmo."
Os acusados e o esquema financeiro Quatro pessoas foram presas em São Lourenço por suposta venda de diplomas e carteirinhas falsos.
Foram presos em São Lourenço (MG):
João Renato Antunes de Andrade
Mônica Renata da Silva
Fernando Fonseca Santos
Adriano Fonseca Santos
O grupo é acusado de organização criminosa, lavagem de dinheiro e falsidade ideológica. Segundo as investigações, entre 2020 e 2023, o esquema movimentou mais de R$ 17 milhões, dos quais aproximadamente R$ 4 milhões teriam sido lavados através de uma fábrica de papéis pertencente ao grupo.
A promotora Gabriella de Queiroz Clementino explicou que "essas pessoas apenas vendiam um documento que certificava a realização de um curso que nunca existiu. São documentos ideologicamente falsos."
A defesa dos acusados, representada pelo advogado Sérgio Leonardo, argumentou que a responsabilidade seria dos agentes públicos municipais que validaram os certificados.
O Ministério da Educação emitiu nota orientando a verificação da credibilidade dos cursos nos canais oficiais, enquanto a prefeita de Perolândia, Grete Balz, anunciou a suspensão do pagamento das gratificações aos servidores envolvidos.
O caso continua sob investigação, com o MP separando os certificados e carteirinhas apreendidos para encaminhamento aos Ministérios Públicos estaduais correspondentes.
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