A 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP 30), a ser realizada em Belém, no Estado do Pará, localizado na Amazônia brasileira, representa um marco fundamental para o debate global sobre sustentabilidade, segurança alimentar e o papel da agricultura na mitigação das mudanças climáticas e o posicionamento do Brasil frente a esse cenário. O Conselho Científico Agro Sustentável (CCAS), enquanto entidade que preza pela disseminação do conhecimento técnico-científico sobre agricultura sustentável, considera essencial sua participação ativa nesse debate.
A Visão do CCAS sobre a COP 30
O CCAS reconhece a relevância da COP 30 para o avanço de políticas climáticas globais e destaca a necessidade de um olhar técnico e embasado na ciência para discutir o papel da agricultura brasileira no tripé da sustentabilidade ambiental, social e econômica. O setor agropecuário do Brasil tem adotado inovações tecnológicas e práticas sustentáveis que contribuem diretamente para a mitigação dos impactos ambientais, o sequestro de carbono e a conservação dos recursos naturais. No entanto, ainda há desafios e narrativas equivocadas que precisam ser enfrentados com embasamento científico e comunicação assertiva.
Além disso, o CCAS reforça a necessidade de definição metodológica correta para calcular tanto as emissões quanto o sequestro de carbono da agricultura e da pecuária conduzidas em sistemas de produção tropicalizados. Atualmente, essa avaliação é falha por se basear em experiências de países de clima temperado, sem considerar as especificidades dos sistemas tropicais. Essa revisão metodológica é essencial para garantir que os dados reflitam com precisão a contribuição real do setor agropecuário brasileiro para a sustentabilidade e a mitigação climática.
Princípios Norteadores do CCAS na COP 30
Ciência como base para decisões climáticas: É fundamental que todas as discussões sobre o impacto da agricultura no meio ambiente sejam pautadas em dados científicos e não apenas em percepções ou agendas ideológicas.
Sustentabilidade da Agricultura Brasileira: A agricultura nacional tem papel central na segurança alimentar global e adota práticas inovadoras que conciliam produtividade e competitividade com preservação ambiental, como o Sistema Plantio Direto ou Semeadura Direta, a Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF), a liderança global no uso de bioinsumos, como a Fixação Biológica de Nitrogênio (FBN), o manejo integrado de pragas (MIP) e o controle biológico, além dos recentes esforços na recuperação de pastagens degradadas.
Agronegócio como solução para desafios climáticos: O Brasil é um país que consegue combinar produção em larga escala com compromisso ambiental. Há tecnologias já em uso na agricultura brasileira que reduzem emissões de gases de efeito estufa e promovem maior eficiência na utilização dos recursos naturais. A ampliação e incentivo para adoção das tecnologias de baixo carbono e de conservação dos solos devem ser estimulados pelo financiamento climático associado às boas práticas de produção. É fundamental que a sociedade assuma o custo da preservação, por meio do pagamento de créditos de carbono.
Mosaico de Agriculturas: A agricultura brasileira é caracterizada por um mosaico de agriculturas que contempla a produção de uma imensa gama de produtos, agregando diferentes sistemas de produção (orgânicos, agroecológicos, sistemas intensivos integrados etc.) em propriedades de diferentes tamanhos e modelos de manejo. Essa diversidade garante ao país a produção sustentável de alimentos, fibras e biocombustíveis, consolidando o Brasil como um dos principais players globais no setor agropecuário.
Alimentos e Energia em Coexistência: A coexistência desse mosaico de agriculturas permite a integração e não competição entre alimento e bioenergia, dentro do conceito de nexo (Food-Feed-Fuel Nexus). O Brasil é o maior exportador líquido de alimentos do planeta e, ao mesmo tempo, possui 49% de sua matriz energética proveniente de fontes renováveis, sendo 31,4% dessa energia advinda do agronegócio.
A agricultura como um pilar da transformação sustentável: O agro brasileiro tem o potencial de contribuir para a agenda ESG e para o financiamento climático, ajudando a resolver desafios sociais e promovendo desenvolvimento sustentável. Adaptar, Mitigar e Controlar Emissões, Fomentar a Competitividade e Garantir Segurança Alimentar e Nutricional são os pilares que norteiam o desenvolvimento científico da agropecuária brasileira.
Papel dos produtores rurais: A legislação ambiental brasileira, conhecida como Código Florestal, deu ao produtor rural a oportunidade de participar dos processos de preservação ambiental. Dessa forma, complementando as áreas protegidas pelas unidades de conservação, parques, APAs e terras indígenas, o mundo rural do Brasil dedica cerca de 33% do território nacional à preservação da vegetação nativa dentro das propriedades rurais, totalizando cerca de 66% do Brasil protegido, preservado ou conservado.
Educação e informação para a sociedade: É crucial que a população, estudantes, jornalistas e formuladores de políticas tenham acesso a informações claras e fundamentadas sobre a sustentabilidade do agro brasileiro, evitando desinformação, que retarda soluções climáticas.
O Brasil como Referência para o Cinturão Tropical: O país é líder em inovações para a sustentabilidade agroalimentar tropical, sendo benchmark em produção e preservação. Quem seguirá este exemplo?
Ação Estratégica do CCAS
O CCAS se coloca à disposição para contribuir com o debate da COP 30 por meio de seus especialistas, fornecendo dados, estudos e análises sobre a realidade do agro brasileiro e sua relação com as mudanças climáticas. Caso a imprensa ou stakeholders demandem posicionamentos sobre o tema, a assessoria de imprensa do CCAS (Mariana Cremasco) será o principal ponto de contato para intermediação de entrevistas e esclarecimentos.
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