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Argentina pode rachar Mercosul e deixar América divida entre EUA e China

O que coloca Brasil em posição delicada e tendo que escolher entre americanos ou chineses

03/02/2025 08h31
Por: Redação Fonte: Click Petróleo e gás
Foto montagem: Click Petróleo e Gás
Foto montagem: Click Petróleo e Gás

Por Alisson Ficher/CPG

Argentina pode abalar o Mercosul e forçar o Brasil a escolher entre EUA e China! O bloco está à beira de uma crise, e a saída de Buenos Aires pode favorecer as grandes potências. O futuro do comércio sul-americano está em jogo, e a decisão de Milei pode mudar tudo. O Brasil está pronto para essa escolha?
Em um movimento que pode abalar as estruturas geopolíticas da América do Sul, a Argentina sinaliza uma possível ruptura com o Mercosul, ameaçando a estabilidade do bloco e forçando o Brasil a uma encruzilhada diplomática sem precedentes.

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As consequências dessa decisão podem redesenhar alianças e influências no continente, colocando potências globais em disputa pelo domínio regional.

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O presidente argentino, Javier Milei, declarou recentemente que considera retirar seu país do Mercosul caso a permanência no bloco impeça a assinatura de um acordo de livre comércio com os Estados Unidos.

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Durante o Fórum Econômico Mundial em Davos, na Suíça, Milei afirmou que sua intenção é avançar no acordo sem abandonar o Mercosul, mas enfatizou que, se necessário, priorizará os EUA.Subscrições de notícias sobre finanças

“Se as condições extremas exigirem, sim [deixaremos o Mercosul]. Mas há mecanismos que podem ser usados dentro do Mercosul, então achamos que isso pode ser feito sem necessariamente ter que abandonar o bloco”, declarou Milei, conforme publicado pelo Sputnik Brasil.

Impactos econômicos e geopolíticos
De acordo com o Sputnik Brasil, analistas apontam que uma eventual saída da Argentina do Mercosul poderia ter efeitos significativos para a América do Sul.

Corival Alves do Carmo, professor do Departamento de Relações Internacionais da Universidade Federal de Sergipe (UFS), avalia que, embora a saída seja pouco provável devido à importância do bloco para as exportações argentinas e para o comércio com o Brasil, caso ocorra, representaria o fim do Mercosul como idealizado nos anos 1980.

“No entanto, desde que os demais membros permaneçam, pode ser um caminho para revitalizar o bloco em torno do Brasil e, mesmo, incluir novos membros”, observa o especialista, em entrevista ao Sputnik Brasil.

A permanência da Argentina no Mercosul, com autorização para fechar um acordo bilateral com os EUA, também poderia prejudicar a unidade do bloco, pois incentivaria outros países a tomarem o mesmo caminho, comprometendo a união aduaneira.

“O Mercosul deixaria de ter relevância, porque só uma pequena parte do comércio dos membros seria regulada pelas normas do bloco”, acrescentou Carmo ao Sputnik Brasil.

Riscos para a economia argentina
A assinatura de acordos de livre comércio com os EUA e a China poderia aprofundar os déficits comerciais da Argentina com esses países.

“Em 2023 e 2024, pela ordem, Brasil, EUA e China foram os principais destinos das exportações argentinas. E os maiores déficits foram com China, Brasil e EUA. Nesse sentido, um acordo de livre comércio aprofundaria os déficits com China e EUA, e considerando a estrutura produtiva de cada país, é pouco provável que no curto prazo a Argentina pudesse substituir importações provenientes da China por importações dos EUA”, disse Carmo ao Sputnik Brasil.

Consequências para o Brasil
Para o Brasil, a saída da Argentina do Mercosul representaria uma perda significativa, já que os principais produtos brasileiros exportados para a Argentina são manufaturados e poderiam ser substituídos pela produção chinesa e norte-americana.

“O Brasil seria o grande perdedor”, destaca Carmo em entrevista ao Sputnik Brasil.

Influência das potências globais na região
Com os Estados Unidos adotando uma postura mais fechada e protecionista sob a gestão de Donald Trump, há a possibilidade de aumento da influência chinesa em países sul-americanos.

O Sputnik Brasil entrevistou Carmo, que acredita que a China pode ampliar sua influência política na região, mas que a América do Sul ainda tem forte conexão cultural e econômica com os EUA.

“O agronegócio brasileiro adora fazer negócios com a China, mas com seus ganhos compram casas em Miami”, pontua.

Possíveis soluções para evitar a fragmentação do Mercosul
Eduardo Galvão, professor de políticas públicas do Ibmec DF e diretor da consultoria global Burson Brasil, afirmou ao Sputnik Brasil que a rigidez atual do Mercosul é um dos motivos pelos quais alguns países buscam saídas individuais.

“É como um time de futebol, onde os jogadores querem brilhar sozinhos porque sentem que o coletivo não funciona. A solução pode estar em modernizar as regras do bloco, criando um equilíbrio entre flexibilidade e integração. Permitir negociações bilaterais controladas, enquanto mantêm os benefícios de um mercado regional integrado, pode ser a chave para preservar a relevância do Mercosul sem comprometer os interesses nacionais”, analisa.

Galvão alerta que a saída da Argentina do Mercosul seria um duro golpe político e econômico, abrindo um precedente perigoso e podendo resultar na fragmentação do bloco.

“Além disso, uma Argentina fora do Mercosul fortaleceria a influência de potências como os EUA e a China na região. Os EUA ganhariam com um parceiro direto como a Argentina, enquanto a China poderia aproveitar a fragilidade do bloco para ampliar seus acordos com outros países da América do Sul. No fim das contas, o Mercosul estaria deixando um vácuo que as grandes potências disputariam rapidamente. Por mais que Milei esteja priorizando um acordo com os EUA, essa decisão não é só técnica; é política”, afirmou Galvão ao Sputnik Brasil.

Divisão da América do Sul em dois blocos de influência
Caso a liberação para negociações bilaterais no Mercosul avance, a América do Sul pode acabar dividida em dois blocos de influência: de um lado, países como a Argentina, buscando acordos com os EUA; de outro, nações como o Uruguai e até o Brasil aprofundando relações com a China.

“Essa disputa colocaria o Brasil, maior economia da região, em uma posição delicada, forçando-o a mediar interesses divergentes entre potências globais e os objetivos do próprio Mercosul”, conclui Galvão, em análise para o Sputnik Brasil.

A decisão argentina ainda está em discussão, mas o impacto dessa possível ruptura pode redefinir os rumos da política e da economia na América do Sul, tornando o Brasil peça-chave em um xadrez geopolítico de grandes proporções.

Diante desse cenário de incertezas e disputas globais, será que o Brasil conseguirá equilibrar suas relações entre EUA e China sem comprometer o futuro do Mercosul?

Fonte: Click Petróleo e Gás

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