Para cinco alunos da Universidade de São Paulo (USP), o mês de novembro será o de uma decisão que pode, inclusive, culminar em suas expulsões da instituição pela prática de antissemitismo. Um processo disciplinar aberto pela Pró-Reitoria de graduação contra os estudantes em novembro do ano passado teve como motivador um informe pró-Hamas sobre o então recém-iniciado conflito entre Israel e o grupo terrorista.
O informe destacava que a ofensiva no sul de Israel, que matou mais de 1.200 pessoas e sequestrou outras 250, entre outros crimes, era "histórica". A publicação ainda afirmava que Israel praticava uma política "genocida, fascista, colonialista e racista" ao contra-atacar a Faixa de Gaza, território habitado por palestinos e comandado pelo Hamas. O processo foi instaurado, de acordo com a Pró-Reitoria, com base no Regimento Geral da universidade, que proíbe a prática de "ato atentatório à moral ou aos bons costumes", a perturbação aos "trabalhos escolares" e ainda "a manifestação ou propaganda de caráter político-partidário, racial ou religioso".
Fernando Lottenberg, Comissário da Organização dos Estados Americanos (OEA) para o monitoramento e combate ao antissemitismo, destaca que “a ação dos dirigentes da USP é exemplar, demonstrando a importância de as universidades criarem mecanismos para o recebimento, apuração e determinação de sanções relacionadas às denúncias de antissemitismo ou qualquer outro tipo de disseminação do discurso de ódio”.
“Infelizmente, estamos enfrentando um momento de perigoso e crescente número de casos de antissemitismo, inclusive dentro das universidades, locais onde a intolerância e o desrespeito à diversidade não deveriam ter qualquer tipo de espaço, mas acabam ali também encontrando terreno fértil. As administrações, os gestores e coordenadores universitários devem estar muito atentos para essa questão, de modo a impor barreiras e não deixar que o espaço de educação seja usado para a prática da discriminação. Exatamente como tem feito a USP neste caso”, ressalta Lottenberg.
Fernando Lottenberg (foto), Comissário da OEA
O Comissário da OEA lembra dos riscos que a falta desse olhar atento da liderança das universidades pode acarretar, ao comparar essa situação com o que aconteceu nos Estados Unidos, poucos meses atrás. “Ali, a incapacidade ou mesmo a falta de vontade de gestores de universidades como Columbia e Stanford, entre outras, permitiram que estudantes montassem acampamento e utilizassem a defesa da causa palestina, que é legítima, para a prática – por vezes violenta - da discriminação e do antissemitismo. Por isso, ao tratar a questão com a seriedade que se espera, a USP serve de exemplo para mostrar que esse tipo de crime não deve encontrar nos espaços de aula qualquer campo para sua proliferação”.
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