Uma metáfora que atravessa gerações é a da flor que nasceu do lixão – como uma representação da capacidade de reinvenção e de resiliência da vida, em todas as suas formas. Em Goiás, uma cidade viveu algo parecido, florescendo onde antes era um aterro sanitário e vindo a se tornar a terceira com maior população do estado.
O município é Águas Lindas de Goiás, situado no entorno do Distrito Federal. Segundo um estudo, realizado pelos pesquisadores Marcelo de Mello e Bruno Augusto, da Universidade Estadual de Goiás (UEG), o território surgiu de um desmembramento da cidade de Santo Antônio do Descoberto.
Antes chamada de Parque da Barragem, a comunidade contava com cerca de 3 mil habitantes, na década de 1990, alcançando a marca de 132 mil habitantes em 2007, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), e chegando aos 240 mil em 2024. Assim, é atualmente a quarta maior cidade de Goiás, em população, perdendo apenas para Goiânia, Aparecida e Anápolis.
Caso aconteceu em Águas Lindas de Goiás. (Foto: Reprodução/Paty Sousa)
Entretanto, uma história pouco conhecida é o fato dos primeiros loteamentos, que viriam a se tornar a cidade, terem sido criados onde antes ficava um “lixão”. Lá havia apenas um aglomerado de casas, habitada por pessoas que se deslocaram em busca de melhores condições de vida.
Ainda segundo a pesquisa, as edificações que deram início à cidade foram erguidas em um curtíssimo tempo, sem seguir o mesmo padrão rigoroso de racionalidade geométrica e organização empregado em Brasília, e sequer o planejamento também visto em Goiânia.
Os pesquisadores ainda realizaram uma comparação entre a capital federal e o modelo de construção da nova cidade e a vida dos trabalhadores, que inicialmente utilizavam o município apenas como cidade dormitório.
“Ao contrário do que ocorreu no Plano Piloto, tanto as obras erguidas como as ruas abertas no município, apresentam uma assimetria e uma imprecisão que se assemelha a vida dos migrantes habitantes desse município goiano, que se deslocam de maneira incerta a procura de melhores condições de vida”, detalharam.
Apesar e, sobretudo, pelo crescimento rápido, Águas Lindas ainda enfrenta problemas na questão sanitária.
Isso porque, mesmo tendo resolvido a questão do lixão, que foi tratado, encoberto e ficou no passado, apenas 19% da cidade conta com esgotamento sanitário, conforme dados do IBGE de 2010 – último ano sobre o tema disponível. Já no quesito lixo, o município se tornou uma referência.
Em julho de 2024, a cidade que deu origem a Águas Lindas, Santo Antônio do Descoberto, enfrentou problemas pelo excesso de resíduos no lixão da cidade. Em épocas de chuva, chorume escorria e acabava entrando em contato com as áreas urbanas. Assim, o povoado que antes era o lixão da região, passou a tratar os resíduos do município vizinho, por um acordo firmado.
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