Empresas migram da China para o México em busca de vantagens competitivas no país considerado a “fábrica do mundo”
Nos anos 90, o Brasil testemunhou um fenômeno inédito: a proliferação das lojas de R$ 1,99. Essa tendência foi impulsionada pela abertura das exportações e pela implantação do Plano Real, que controlou a inflação e valorizou artificialmente a moeda. Essas lojas ofereciam uma variedade de produtos, desde brinquedos e ferramentas até utensílios domésticos e eletrônicos, com a maioria dos itens sendo fabricados na China, de acordo com o vídeo do canal Conhecimento Global.
Com o tempo, o cenário mudou drasticamente. As lojas de preço único quase desapareceram e a China evoluiu de uma fábrica de produtos de baixa qualidade para uma potência tecnológica. A mão de obra barata, que era a principal vantagem dos produtos chineses, ficou no passado. Junto com outros fatores, como a pandemia e o aumento dos custos de frete, isso encareceu a produção na China. Como resultado, muitas empresas começaram a buscar novos locais para suas fábricas, com o México emergindo como um destino preferido.
Por que o México é atraente para as empresas e está sendo considerado a “fábrica” do mundo?
A proximidade geográfica do México com os Estados Unidos, a maior economia do mundo, é uma vantagem clara. O país compartilha uma fronteira de mais de 3.145 km com os EUA e possui 48 pontos de passagem, além de acesso tanto ao Oceano Atlântico quanto ao Pacífico. Isso reduz significativamente o tempo e os custos de transporte em comparação com a China. Uma viagem de navio de Xangai para a Califórnia leva, no mínimo, 15 dias, enquanto do México para os EUA, o transporte pode ser feito em até quatro dias.
Além disso, o México faz parte de um bloco econômico com os Estados Unidos e o Canadá desde 1994, através do NAFTA, que foi reformulado em 2018 para o USMCA. Esses acordos eliminaram barreiras e tarifas para a circulação de produtos, incentivando empresas, especialmente americanas, a se instalarem no México.
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Desde os anos 80, a globalização eliminou barreiras para a circulação de produtos, capital e pessoas, permitindo que as empresas terceirizassem a produção para países como a China. Companhias como General Electric, IBM e Motorola foram pioneiras nesse movimento. No entanto, com o aumento dos custos na China e tensões comerciais, o conceito de “nearshoring” (deslocalização próxima) está ganhando força, levando empresas a considerar o México como uma alternativa viável.
Desafios e oportunidades
A China, apesar de ainda ser um importante mercado consumidor, enfrenta uma concorrência crescente de outros países asiáticos como Índia, Vietnã e Tailândia, que também oferecem mão de obra barata e estão atraindo empresas. A Índia, por exemplo, está se tornando um centro de produção de tecnologia, com a Apple planejando fabricar iPhones no país. No entanto, o México tem suas próprias vantagens competitivas, incluindo sua proximidade com os EUA e acordos comerciais favoráveis.
O parque industrial mexicano já abriga marcas renomadas como Volkswagen, Ford, General Motors, Toyota e BMW, além de empresas de outros setores como Boeing, Siemens, Alibaba e Lego. A Tesla anunciou recentemente planos para construir uma gigafábrica em Monterrey, com um investimento de US$ 5 bilhões e a expectativa de gerar até 7 mil empregos.
Obstáculos internos
Apesar das vantagens, o México enfrenta desafios internos significativos. A violência no país e políticas energéticas que priorizam combustíveis fósseis sobre energias renováveis podem ser entraves para o crescimento. A infraestrutura também precisa de melhorias, com portos e outras instalações essenciais necessitando de investimentos.
O México tem potencial para se tornar a nova fábrica do mundo, mas precisa enfrentar seus desafios internos e competir com outros países asiáticos. Se conseguir aproveitar o momento, pode transformar sua economia, seguindo o exemplo da China. Caso contrário, corre o risco de permanecer apenas como um fornecedor de mão de obra barata, vulnerável a mudanças no cenário global.
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