“Desbravei esse Mato Grosso atrás da minha fazenda, que é bonitinha e tem toque de mulher. E paguei à vista”, conta a médica Cibele Daher, de 64 anos, que trocou a profissão pelos campos de soja. Desde 2019, ela e a filha, Caroline Daher, 33, cuidam de quase 1 mil hectares em Jangada, município de essência agrícola no Centro-Oeste.
A Fazenda Buriti, nome da propriedade, é a conquista de um objetivo da ala feminina da família Daher. A matriarca lembra que, quando comprou a propriedade em 2019, foi difícil fazer a abertura e preparo da área para a oleaginosa.
Em um momento em que muitas apostam em culturas diversas e até mais rentáveis, ela decidiu gerenciar commodities. Até agora, concluiu três safras com os desafios de clima apertando o calcanhar.
“Desde 2019, a área produziu bem, mas o problema foi nesse último ano [2023], em que o Brasil todo sofreu com o clima. A seca que deu e afetou a gente foi forte. Nesse tempo, o importante é introduzir os jovens para ajudar”, detalha, explicando o porquê trouxe a filha, que é engenheira, para acompanhar e ajudar nos negócios.
Nesse tempo, alguns milhões foram investidos. Atualmente, ela está comprando maquinário e condicionando os cuidados com a soja para tentar atenuar efeitos climáticos.
Mesmo morando na capital paulista, mãe e filha se dividem entre pontes aéreas para comandar a Fazenda e os cinco funcionários fixos. Cibele destaca que a paixão pela terra veio do pai, que é agrônomo e trabalhou com café por anos no Norte do Paraná.
“Eu cresci em fazenda, junto com meu pai. Ele tem uma terra em Londrina, que eu herdei e hoje ajudo a tocar os plantios de soja e milho. Foi isso que me fez almejar comprar em Mato Grosso, que foi uma conquista minha, fruto do meu trabalho”, pontua.
Por outro lado, ela acrescenta que o trato da oleaginosa, agora, tem toque feminino. Em áreas de primeiro plantio, ela conseguiu uma produtividade de 60 sacas por hectare, no ano seguinte (2022) atingiu 80 sacas, mas no último ano, devido à seca, conseguiu chegar a 45 sacas.
“Eu adoro essa parte de plantio, de evolução vegetativa”, acrescenta. O marido dela também administra uma fazenda, mas Cibele esclarece que eles não trabalham juntos e que a separação nos negócios é também uma independência nas escolhas de trato com as culturas.
Capitalizada, a quebra de produtividade não a deixou tão apertada. Ela explica que conseguiu pagar as dívidas, mas teve que conter os investimentos para este ano. Até agora, ela fez aportes para deixar a propriedade adequada aos requisitos ambientais, com área preservada, tanque de combustível recuada, armazém próprio para os insumos.
“Eu brinco que minha propriedade é fazenda de mulher. Gosto que a entrada tenha flores, árvores e esteja sempre arrumada. Nesse pouco tempo à frente do local tenho tentado organizar para além da soja. E, na lavoura, busco estar sempre informada para podermos ter mais produtividade. Foi assim que influenciei meus vizinhos de Jangada”, descreve orgulhosa.
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