Em Jataí, no Sudoeste de Goiás, começou a sair do papel no último dia 4 um projeto idealizado em 2019 que promete revigorar o cenário da saúde regional, em especial o atendimento a pacientes oncológicos. Foram iniciadas as obras do novo Hospital Padre Tiago, unidade que é referência em toda a macrorregião, atendendo pacientes de 28 municípios, uma população estimada em 730 mil pessoas. Avaliada em R$ 53 milhões, a obra vai contar com uma ala de radioterapia, ampliando a estrutura já existente de tratamento de câncer.
Desde 2014 administrado pela Associação e Fraternidade São Francisco de Assis na Providência de Deus, que tem sede em Jaci (SP) e com atuação em diversos estados na gestão de hospitais, o Hospital Padre Tiago faz atendimentos por convênios e particulares, mas o seu maior volume de pacientes são do Sistema Único de Saúde (SUS). O prédio atual abrigava o antigo hospital regional de Jataí, que ficou fechado por alguns anos. Reformado, foi reaberto em 2014, com dez leitos de Unidade de Tratamento Intensivo (UTI).
“A reestruturação se deu a partir de algumas instâncias que envolveram os poderes político federal, estadual, municipal; a Diocese de Jataí; e de forma incondicional a população jataiense”, afirma o frei franciscano Daniel Curty, diretor administrativo do Hospital Padre Tiago. Ele conta que já em 2019, diante da dimensão dos serviços, a entidade gestora começou a sonhar com uma nova estrutura. A pandemia da Covid-19 adiou os planos, mas agora após uma longa preparação de projetos, aprovações e adequações, foi dada a largada para a construção do novo prédio.
“Não será um puxadinho, mas um novo prédio de oito andares, ao lado do que já existe e que irá continuar funcionando. Hoje temos 60 leitos e nossa expectativa é que essa capacidade seja dobrada”, detalha frei Daniel. A grande conquista, segundo ele, será a ala de radioterapia, que irá enriquecer o tratamento oncológico já existente no hospital desde 2019. “Fazemos quimioterapia e cirurgias oncológicas. Nossos pacientes com câncer, que precisam de radioterapia, atualmente são regulados para cidades distantes, como Goiânia, Barretos e Jales, ambas em São Paulo. Com a inauguração da nossa ala, não vão precisar mais se deslocar.” Ainda não há previsão de entrega da obra.
Frei Daniel Curty explica que as obras começaram apenas com parte dos recursos necessários em caixa, fruto de emendas parlamentares e de arrecadações com festas, sorteios e campanhas junto à comunidade. Nos R$ 53 milhões previstos não estão incluídos os custos com equipamentos, apenas os gastos com a construção do prédio. A expectativa é mobilizar empresas e instituições, como o Instituto Alok, do DJ goiano, que se aliou à causa. Além de fazer doação em dinheiro para a fundação da edificação e projetos elétrico e hidráulico, Alok gravou um vídeo pedindo apoio para a obra do hospital que é referência na cidade onde vive seu avô.
Anualmente, o Hospital Padre Tiago realiza mais de 11 mil consultas médicas, 8.300 sessões de quimioterapia e mais de mil cirurgias oncológicas, além de cirurgias eletivas e exames ambulatoriais e de imagens. Frei Daniel estima em mais de 400 pacientes de câncer ativos em quimioterapia e imunoterapia. Este ano, com o apoio do Conselho Municipal da Criança e do Adolescente, o hospital fará uma campanha para
” pessoas físicas e jurídicas a doar parte do valor que seria destinado ao governo federal para a construção do novo prédio. “Pessoas jurídicas podem doar até 1% e físicas, até 4%, sem nenhum custo”, lembra frei Daniel.
*Exemplo de solidariedade e amor ao próximo*
O Hospital Padre Tiago homenageia uma das mais emblemáticas figuras católicas do Sudoeste goiano. Padre Tiago Menelli Magno chegou a Jataí no início dos anos de 1960, vindo dos Estados Unidos, onde nasceu. Sua ordenação como padre diocesano ocorreu na própria cidade, em 1965. Àquela altura, o religioso já dispensava um olhar amoroso e cheio de cuidados aos hansenianos, então altamente discriminados. Por eles e para eles, contando com o apoio de médicos, enfermeiros e técnicos de enfermagem, padre Tiago criou uma clínica.
A maior parte de sua vida de 89 anos, padre Tiago Menelli passou em Jataí e outros municípios da região, como Aporé, Chapadão do Céu e Serranópolis, em missões religiosas. Mas foram os doentes com hanseníase que mais o envolveram. Em um documentário sobre sua passagem por Goiás, padre Cristiano Faria, da Arquidiocese de Goiânia, conta que pelos idos de 1960 e 1970 havia um único medicamento no Brasil para tratar de hansenianos e, embora nos Estados Unidos houvesse um remédio de maior eficácia e as leis por aqui não permitiam importação, ele deu seu próprio jeitinho. A seu pedido, um amigo farmacêutico americano preparou o remédio e enviou para Jataí em embalagens de balinha.
Padre Tiago morreu no dia 20 de março de 2020. Ele ficou 20 dias internado e deu adeus à vida no hospital que ganhou seu nome. O religioso deixou um legado de solidariedade e de amor ao próximo fazendo com que a Prefeitura de Jataí decretasse três dias de luto oficial.
*Para colaborar:*
Associação Lar São Francisco de Assis na Providência de Deus”
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Fonte: O Popular
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