Já passa de meio século insistindo na peregrinação em busca de fatos e ou de personagens que revelem a formação de Jataí. No entanto, o resultado dessa tarefa estafante valeu a pena, pois consegui publicar cinco livros mostrando o resumo dos fatos encontrados, sem citar o vasto acervo em texto e fotos ainda é inéditos.
A maior parte desses documentos que retratam de forma clara nosso passado nunca recebeu atenção ou cuidados do nosso poder público e por isso desaparece ao correr do tempo ou até queimados por ordens superiores – como forma de ‘limpar gaveta’.
É um absurdo afirmar que os poderes de Jataí nunca tiveram e ainda não têm onde guardar seus papéis, seus documentos. Alguma coisa antiga pode ser encontrada no Arquivo do Estado, em Goiânia, e no Museu Histórico em Jataí; os papéis recentes estão sendo amontoados em depósitos improvisados aqui e ali.
É indiscutível que a Prefeitura tem que instalar o Arquivo Público Municipal, já previsto em projeto de lei aprovado por unanimidade pela Câmara de Vereadores, em 1917. Esse Arquivo Público deverá receber, de forma esquematizada, todo documento produzido e ou recebido pelos poderes Executivo e Legislativo - e por que não incluir o Judiciário?
Nesse Arquivo, o jataiense poderá ter contato com jornais do século XIX abordando sobre pessoas ou fatos envolvendo Jataí, como as ocorrências a seguir:
1 – Detalhes da participação de Jataí na Guerra do Paraguai sob o comando de Serafim José de Barros, uma odisseia desconhecida dos jataienses;
2 – O extermínio continuado de famílias e destruição de seus bens no interior do município pelos índios e os pedidos de socorro não atendidos pelo Governo;
3 – O conteúdo extraordinário da lei número um editada em 1887 com o título - Posturas da Câmara Municipal da Villa de Jatahy; da lei número quatro, de 1893, criando o Distrito de Santa Rita do Araguaia. A história atual contada por Santa Rita não cita esse episódio;
4 – O professor trazido para Jataí que se tornou deputado estadual e transformou a Vila de Jataí em cidade, em maio de 1895. Eis um dado curioso: as comemorações festivas desse grande feito se deram aqui em sete de setembro daquele ano de 95. Os discursos do Presidente da Câmara, do Intendente, de Carvalho Bastos e do próprio deputado;
5 – O que aprontou a Coluna Prestes ao chegar aqui ao amanhecer do dia após noite de festa na cidade. Ainda sobre o assunto, a mortandade de integrantes desse movimento na fazenda de Zeca Lopes, quando houve a queima de corpos com querosene;
6 – O episódio histórico do ex-prefeito nomeado Carvalhinho, o fazedor de obras com dinheiro de amigos agiotas, o prefeito, casado com uma jataiense, que mais construiu no passado e que teve o nome badalado na imprensa nacional;
7 – “Vila Risonha do Paraíso”, nome dado a Jataí num projeto de lei proposto por um deputado e quase aprovado pela Assembleia Legislativa Provincial;
8 – A prisão do presidente da Câmara de Vereadores, do presidente do diretório local do PSD e de outros líderes políticos de Jataí, em 1950. Resultado da lendária guerra política entre PSD e UDN;
9 – O arrendamento de mais de 130 mil alqueires de terras para empresa de mineralogia em busca de petróleo nos municípios de Mineiros, Caiapônia e Jataí, em 1923. Os contratos com os fazendeiros estão registrados nos dois cartórios locais;
10 – O que um delegado regional, acobertado e fortemente armado pelo governo estadual, aprontou em Jataí. Três presos foram tirados da cadeia e assassinados no Rio Claro. Dessas três vítimas foram cortadas uma das orelhas, colocadas num vidro de conserva e levadas para a Capital como prova de ‘serviço’. Esse delegado não agia sozinho. Tinha como comparsa um ex-deputado, um juiz municipal, um colega delegado, todos protegidos por elementos da Força Pública do Estado. Tudo isso para saquear, roubar, espancar e extorquir líderes e autoridades.
Esse material de valor histórico singular, bem como de centenas de outros, serão catalogados, digitalizados e colocados à disposição do público. Que sirvam esses argumentos apresentados como justificativa para instalação do nosso Arquivo Municipal, única forma de salvar o que ainda resta de nossa formação cultural, pois, a juventude está aí a nos cobrar e não temos nada a justificar.
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